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a história do bolo da tia Rosa



A história deste blog começou volta de 2011, quando, sem saber muito bem porquê, já andava a visitar outros blogs, a testar algumas sugestões ali apresentadas, a fotografar o que fazia, mas nunca a pensar fazer o meu próprio blog!

um bolo feito a dois
Um dia parei e, a medo, aceitei o desafio que o Cinco Quartos de Laranja  estava a lançar: "Conte-me a sua receita".
Assim fiz! Participei, contei a história do bolo mais afamado  cá de casa e que, sendo um delicioso e simples bolo de laranja, sempre ouvi as minhas primas reclamarem-no como o bolo da tia Rosa!

No entanto. o bolo da tia Rosa, sempre o vi, vezes sem contas, ser confeccionado a dois, 

A receita, foi contada por mim, da seguinte forma:

O bolo da tia Rosa é a designação que me chega, vezes sem conta, das memórias que povoam a minha infância. Embrulhado num papel branco, com uma guita à volta, era assim que o bolo de laranja se fazia anunciar no Natal e nos aniversários das minhas primas.
O bolo da tia Rosa é (era) um bolo de laranja feito em equipa, pelos meus pais.
Os seis ovos eram partidos, separando-se as claras das gemas. E, enquanto a minha mãe juntava, às gemas, um pouco de raspa de limão, a raspa de uma laranja e meio quilo de açúcar, o meu pai observava, porque sabia que de seguida era solicitada a sua ajuda para iniciar, com a colher de pau dos bolos, a homogeneização destes ingredientes.
A laranja, da qual se tinha raspado toda a casca, era partida ao meio e era espremida, no espremedor de vidro… Outra laranja esperava o mesmo destino.
Logo que a massa estava esbranquiçada e leve juntava-se, aos poucos, o sumo das duas laranjas, mexendo-se sempre. Nesta tarefa, a colher de pau já estava nas mãos da minha mãe, dado que estava na hora do meu pai agarrar no batedor de claras para, ritmado, fazê-las crescer com uma firmeza de fazer jus ao “castelo bem firme".
Os trezentos gramas de farinha já estavam pesados, peso confirmado pelos quatro  olhos. A colher de chá já estava preparada para, mal se colocasse a farinha na mistura, medir o fermento que se devia adicionar à farinha. Lentamente, muito lentamente, a colher de pau iniciava os primeiros círculos para, pouco a pouco, acelerar num movimento circular de baixo para cima.
Depois ouvia-se: “Jaime, não pares de bater as claras para não ganhar água… já estão firmes?”. Estavam, estavam sempre bem firmes, em castelo bem firme…
Aos poucos, as claras eram adicionadas à massa e a colher de pau continuava, em movimentos circulares… de baixo para cima… E as bolhas apareciam e rebentavam numa confirmação que a massa estava no ponto.
A forma de alumínio, que ainda hoje existe e que já nem tem conta quantos “bolos da Tia Rosa” cozeu, já estava barrada com Vaqueiro e polvilhada com farinha e aguardava ser repleta com o preparado que ia a cozer em forno médio.
Apenas com:
6 ovos
Um pouco de raspa de limão
Raspa de uma laranja
Sumo de duas laranjas
300g de farinha
500g de açúcar
Qb de fermento
este bolo povoa as memórias de toda a família e amigos. Quase todos referem que eu não o faço com a mesma mestria e que, pela certa, há um segredo para tão magnífico resultado.
Garanto, com o selo de quem viu fazer o “bolo da Tia Rosa” vezes sem conta, que o único segredo era mesmo o trabalho manual, ritmado e em equipa.
a tia Rosa, minha mãe
como livro onde foi publicada a
história do bolo
Sendo eu a autora do texto foi, para mim, como filha, muito gratificante quando, mais tarde, pediram-me para que esta receita, contada em história, fizesse parte de uma compilação de receitas de família.







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