Memórias em tempo de eleições…

Não, não me venham dizer que nêsperas são aqueles frutos  que vejo no supermercado!
Para mim, nêsperas não estão nas lojas e muito menos  nos supermercados!
Para mim, nêsperas estão nas árvores e comem-se junto delas… para mim, as nêsperas que como têm de ter sido aprovadas, em primeiro lugar, pelos pássaros.
Lembro-me, na minha infância, do tempo de férias em que ia até casa da minha tia Adelaide e, com as minhas primas, subíamos às nespereiras para saborear um fruto pequenino, cor-de-laranja, salpicado de castanho… quando descíamos das árvores, o chão à volta estava salpicado de caroços saltitantes… lembro-me, ainda, do concurso de caroços e sinto o cheirinho deste fruto docinho.
Para mim, decididamente, as nêsperas são estas só!

E… mesmo quando já não subo às árvores… continuo a aplicar a técnica que aprendi com o meu pai: premir os caroços entre os dedos, semicerrar os olhos  focalizando um alvo, deixar voar o caroço  verificando, de seguida, se aquele foi  atingido  (no uso desta técnica, o meu pai ganhava-me sempre… os seus caroços chegavam mais longe…).
Mas hoje é dia de eleições…                   

NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –

brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora

poema: Fernando Pessoa
interpretação:Gal Costa

4 comentários:

  1. Olá Mané,
    nêsperas para mim também são só essas! :)
    Bom domingo de eleições.
    Um beijinho.

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  2. Já é tempo, já, que minha confiança
    Se desça duma falsa opinião;
    Mas Amor não se rege por razão,
    Não posso perder, logo, a esperança.

    A vida sim, que uma áspera mudança
    Não deixa viver tanto um coração.
    E eu só na morte tenho a salvação?
    Sim, mas quem a deseja não a alcança.

    Forçado é logo que eu espere e viva.
    Ah dura lei de Amor, que não consente
    Quietação num'alma que é cativa!

    Se hei-de viver, enfim, forçadamente,
    Para que quero a glória fugitiva
    Duma esperança vã que me atormente?

    Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

    Como vês, visito o teu blog
    Bus
    Fredo

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  3. Mané,
    Vou tentar de novo deixar aqui um comentário, é a minha terceira tentativa hoje.

    Antes de mais o meu mt obrigada pelas suas visitas e prendas! Parece que todas gostamos do nosso Vickie.

    No recreio da minha escola primária havia uma nespereira que fazia as nossas delicias. Ainda hoje n consigo comer o fruto sem me lembrar do gradeamento azul, e do som da sineta para a saída. Memórias deliciosas que todas guardamos e que os posts de outros blogues vão fazendo renascer.
    Um beijinho e votos de excelente semana.

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  4. Estou a tentar responder-vos, laranjinha, Fredo e Ana, mas por motivos que desconheço não consigo :)
    Quero no entento dizer OBRIGADA por estarem aqui a dar-me força com a vossa visita
    Beijinhos
    Mané

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